ATA DA OCTOGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 25.06.1991.
Aos vinte e cinco dias do mês de junho do ano de mil
novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Octogésima Oitava Sessão
Ordinária da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às
quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas
em avulsos cópias da Ata da Octogésima Sétima Sessão Ordinária, que deixou de
ser votada face a inexistência de “quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo
Vereador Cyro Martini, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Gert Schinke,
04 Projetos de Lei do Legislativo n°s 103, 104, 111 e 112/91 (Processos nºs
1426, 1427, 1498 e 1499/91, respectivamente); 01 Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 29/91 (Processo n° 1500/91); pelo Vereador Omar Ferri, 01 Projeto
de Lei do Legislativo n° 143/91 (Processo n° 1665/91); pelo Vereador Wilton
Araújo, 01 Projeto de Lei do Legislativo n° 138/91 (Processo nº 1643/91). Do
EXPEDIENTE constaram os Ofícios n°s 318 e 319/91, do Senhor Prefeito Municipal.
Após, foi apregoado Requerimento do Vereador Luiz Machado, solicitando Licença
para Tratar de Interesses Particulares nos dias vinte e cinco e vinte e seis do
corrente. A seguir, o Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem dos
Vereadores Wilson Santos, Adroaldo Correa e Clóvis Brum, acerca do Processo nº
03/91, e o Vereador Clóvis Brum solicitou que a Comissão de Justiça e Redação
se manifeste acerca da necessidade de que o Substitutivo aposto ao Projeto de
Lei do Legislativo nº 01/91 corra os períodos normais de Pauta. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Nereu D’Ávila teceu comentários acerca da
possibilidade de diminuição do horário bancário de atendimento da população,
falando de projeto de teor contrário em andamento na Casa. Analisou argumentos
utilizados pelos representantes dos bancos, com vistas à diminuição de seus
horários de funcionamento, criticando o atendimento por eles oferecido à nossa
comunidade. A seguir, o Senhor Presidente leu termos do Processo nº 1361/91, em
que é analisado, pela Auditoria da Casa, a necessidade de transcurso de período
de Pauta para Substitutivos apresentados a Projetos incluídos na Ordem do Dia
por força do artigo 81 da Lei Orgânica Municipal. Na ocasião, o Senhor
Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores João Dib, Vicente Dutra e
Isaac Ainhorn, acerca da informação da Mesa dos trabalhos, relativa ao Processo
nº 1361/91. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Dilamar Machado discorreu acerca do
Projeto de Lei do Legislativo nº 01/91 e do Substitutivo a ele aposto, propondo
a realização de acordo político para a votação dos mesmos e analisando a
situação salarial em que se encontram os municipários de Porto Alegre. Teceu
críticas à administração do Partido dos Trabalhadores à frente do Governo
Municipal, em especial com relação aos reajustes dos servidores públicos
municipais. O Vereador João Motta falou da declaração, pelo Judiciário, da
inconstitucionalidade de parte da Lei Complementar n° 133/85, declarando
inexistir, no momento, uma concreta política salarial no Município. Esclareceu
os posicionamentos assumidos pelo Governo Municipal com relação ao assunto,
discorrendo sobre as negociações em andamento, a respeito, entre o Sindicato
dos Municipário e o Executivo Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Clóvis Brum teceu considerações sobre a atuação do PT à frente do Executivo
Municipal, analisando os posicionamentos que vem sendo assumidos pelos
integrantes deste Partido, com relação à situação salarial dos municipários.
Declarou enfrentarem esses servidores forte arrocho salarial, comentando
negociações entre o Executivo Municipal e o SIMPA quanto a reajustes salariais.
Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Leão de Medeiros discorreu acerca da possibilidade
de revisão constitucional com vistas à unificação das polícias civis,
ressaltando existirem, hoje, no País, diversas categorias policiais, o que não
contribui para a diminuição da violência. Defendeu a referida unificação,
comentando matéria a respeito divulgada no Jornal do Brasil, intitulada
“Subsecretário critica corporativismo da PM”. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Mano José discorreu sobre a imagem negativa que possuem os políticos
junto à população, comentando pronunciamento, de hoje, do Vereador João Motta,
acerca da situação salarial dos municipários. Lamentou a atuação do PT com
relação ao não pagamento dos reajustes devidos pelo Executivo Municipal aos
servidores acima referidos. O Vereador Adroaldo Correa teceu comentários acerca
das negociações em andamento, entre o Executivo Municipal e o SIMPA, com
relação aos reajustes salariais a que tem direito os municipários. Analisou os
diversos acordos realizados quanto ao assunto, esclarecendo os posicionamentos
assumidos por seu Partido, à frente da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, a
esse respeito. O Vereador Nereu D’Ávila referiu-se ao pronunciamento do
Vereador Adroaldo Correa, relativo à situação salarial dos municipários,
dizendo não existir, de parte do Executivo Municipal, a busca concreta de um
acordo para a solução do problema. Declarou que o SIMPA vem oferecendo diversas
propostas, as quais não são aceitas pelo Governo Municipal, e que esse Governo
busca, na realidade, a queda da bimestralidade a que tem direito os servidores
municipais. E o Vereador Edi Morelli declarou existir incoerência entre o
discurso e a prática seguidas pelo PT, analisando, em especial, a atuação desse
Partido com relação aos reajustes salariais a que tem direito os municipários.
Comentou a situação, nesse quadro, dos Vereadores integrantes da Bancada do PT
na Casa, solicitando o cumprimento da lei pelo Executivo Municipal, no
relacionado aos reajustes salariais dos municipários. Nada mais havendo a
tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos às quinze horas e
cinqüenta e um minutos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene
a ser realizada às dezessete horas. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Omar Ferri e Leão de Medeiros e secretariados pelos Vereadores Leão
de Medeiros e Wilson Santos. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será
assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Omar Ferri): Encontra-se na Mesa
Requerimento assinado pelo Ver. Luiz Machado que pede licença para tratamento
de interesses particulares. Esta Presidência designou o Ver. Leão de Medeiros
para relatar.
Feito isso, passamos ao período
de
COMUNICAÇÕES
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, como a Comissão de Justiça se reuniu no seu horário normal, hoje
apresento a seguinte Questão de Ordem: que a Comissão de Justiça se manifeste
se um processo constante na Ordem do Dia, ao receber um Substitutivo... Melhor
seria: se um processo constante na Ordem do Dia, em função do art. 82 da Lei
Orgânica do Município, ao receber Substitutivo, necessita o Substitutivo ou os
Substitutivos correrem Pauta. O entendimento deste Vereador é de que os
Projetos constantes na Ordem do Dia, em função do art. 82 da Lei Orgânica do
Município devem ser votados no dia seguinte ao Requerimento deferido pela Mesa,
em conseqüência estes Substitutivos devem ser votados, inclusive, sem Parecer e
independente de Pauta. Esta é a minha interpretação.
Sr. Presidente, em resumo era
isso. É que a Comissão de Justiça na sua reunião de hoje se manifeste sobre
este assunto, até porque vários processos poderão ser prejudicados uma vez que
no final de semana encerra o primeiro semestre de atividades parlamentares.
O SR. PRESIDENTE: Respondendo a Questão de Ordem
formulada por V. Exª, a Presidência diz o seguinte: a Presidência pode estar
errada, por isso que a Comissão de Justiça e Redação será ouvida, mas como
Substitutivo substitui o Projeto apresentado, logo esta Presidência, em caráter
particular, sem ouvir ainda a Comissão, entende, evidentemente, que o
Substitutivo deve correr Pauta com o Projeto. De qualquer maneira fica
determinado à Assessoria que colha o depoimento de V. Exª junto à Taquigrafia,
para que seja formado um Expediente e que esse Expediente chegue à Comissão de
Justiça e Redação na data de hoje.
O SR. WILSON SANTOS (Requerimento): A Questão de
Ordem é para requerer: no momento em que esta Questão de Ordem for remetida à
Comissão de Justiça, eu requeiro a juntada de um Processo que está nas mãos da
Diretoria Legislativa, que eu diligenciei ontem, de caso semelhante já ocorrido
nesta Casa com Parecer da Auditoria que dispensa a Pauta para o Substitutivo de
Projeto, em função do art. 81 da Lei Orgânica, que esteja na Ordem do Dia. De
forma que eu requeiro a juntada desse Processo.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa responderá a Questão de
Ordem de V. Exª, oportunamente, durante o Período de Comunicações, porque fará,
de imediato, um contato com a Assessoria. Se for o caso, e se as matérias forem
realmente afins, não há o porquê de se apensar para que a deliberação seja única.
O SR. WILSON SANTOS (Requerimento): Eu até
dispensaria a resposta da Questão de Ordem, porque eu estou fazendo na Questão
de Ordem um Requerimento de juntada desse processo. Eu só desejo que esse
Processo seja juntado na Questão de Ordem feita pelo Ver. Clóvis Brum, que irá,
segundo afirmação da Presidência dos trabalhos, para a Comissão de Justiça,
quero que junto vá esse Processo que está na Diretoria Legislativa.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa irá deliberar logo mais
com a Assessoria para ver se é caso de juntada ou não. Se não for caso de
juntada e V. Exª não se conformar, V. Exª tem direito de recorrer à Comissão de
Justiça e Redação.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para propor que seja adendada a Questão de Ordem do
Ver. Clóvis, no exame pela Comissão de Justiça, o que o art. 81 da Lei Orgânica
conflita com o art. 96 do Regimento Interno, que trata da Pauta e da
necessidade de correr as duas Sessões de Pauta, que é o Requerimento do Ver.
João Dib, que pede essas duas questões para o Substitutivo.
O SR. PRESIDENTE: Os dois artigos, tanto da Lei
Orgânica como o do Regimento Interno serão levados em linha de consideração
pela Comissão de Justiça e Redação.
A seguir passaremos ao período de
Comunicações.
Está com a palavra o Ver. Isaac
Ainhorn, que cede seu tempo ao Ver. Nereu D’Ávila.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu quero chamar a atenção desta Casa, e, se possível, através dos
meios de comunicações, a população, para um atentado que está para ser perpetrado
contra esta mesma população indefesa. O jornal Zero Hora hoje, na página 36, e
já mandei buscar o jornal para comprovar, traz uma informação do Banco Central:
que está sendo estudada a possibilidade de diminuir o horário bancário de
atendimento ao público, que passaria a ser das 12 horas às 17 horas, atualmente
é das 10 às 16 horas, portanto seis horas corridas, sob a alegação constante de
oneração de custos, mas sem levar em conta o interesse da população, querem,
novamente, diminuir o horário de atendimento. Nós temos um Projeto nesta Casa
exatamente no sentido contrário, aumentando o horário de atendimento dos
bancos, que desde logo foi inquinado pelo Sindicato dos Banqueiros de
inconstitucional, e que seria matéria da União e do Banco Central. É uma Resolução
do Banco Central que quer uniformizar este imenso País. Ora, o sol de Manaus
nasce em horário diferente do horário do Chuí, no Rio Grande, por evidências
climatológicas e até pela linha do Equador. Então não há que tentar
uniformizarem-se horários que são díspares até pela própria natureza. Por isso
que nós tentamos questionar esta situação de aumentar o horário dos bancos para
melhorar o atendimento, embora eu não tenha a certeza, neste momento, de que
aumentando o horário, melhora o atendimento. Mas de qualquer modo, é uma
situação posta para estudo. Mas esta situação é tão delicada, importante e tão
sensível que se vê agora esta notícia: “Bancos querem mudar horário de
atendimento. A proposta da Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN – está sendo
estudada pelo Banco Central. Novo expediente nas capitais seria das 12h às
17h”. O argumento: “Reduzir custos e melhorar o atendimento”. Ora, melhorar o
atendimento! Pior do que o atendimento que os bancos estão prestando atualmente
não pode ser melhorado nem piorado. Chegou ao fundo do poço de tão ruim. E
mais, aqui no bojo da notícia o atentado contra a população vai mais longe. Um
tal de Gustavo Loiola, Diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro em
Porto Alegre confirmou a realização de estudos sobre o assunto. Então a
FEBRABAN alega que com o horário atual os bancos têm um gasto elevado com
pagamento de horas-extras e que o serviço de processamento de dados está sempre
no seu limite máximo de operação. “Loiola reconheceu que os Bancos estão
atravessando uma crise de redução dos lucros”. Coitadinho! É de dar dó! E, “que
a diminuição de uma hora no horário de atendimento ao público pode resultar em
ganho de produtividade. O Banco Central, no entanto, argumenta que ainda não
tomou uma posição. Estamos na fase de estudos internos e nosso objetivo é
facilitar a vida dos clientes dos bancos”; informou ele. Agora, tem mais: “Diz
que o Banco Central também está pensando em desburocratizar normas e processos.
Outras modificações precisam ser feitas para melhorar a qualidade e o
atendimento”. Aí entra a questão dos pagamentos das contas de luz, água,
telefone que, de acordo com Loiola, poderão ter outros locais para serem pagas.
Ele citou o exemplo de lojas e até supermercados. Para isso garantiu: “Precisamos
conversar com todos os interessados”. Com relação às tarifas bancárias, o
Diretor do Banco Central disse que elas precisam existir, excluindo apenas o
fornecimento de um talão de cheques por mês. “As tarifas são necessárias para
qualificar os serviços”. Ele disse que o atendimento ao pedido da FEBRABAN de
descongelar os preços que estão presos ao Plano Collor II compete ao Ministério
da Economia. Então, vejam bem, são dois golpes na população: primeiro, reduzir
o horário de funcionamento e, segundo, descartar-se da questão dos pagamentos
que, segundo o Sr. Loiola, diz que quer passar para as lojas e supermercados. É
uma verdadeira gracinha a argumentação do Banco Central e seus prepostos. Ora,
o nosso Projeto contempla que os bancos são obrigados a, durante todo o horário
bancário, receber pagamento de água, luz, telefone. Porque o que acontece hoje,
sem lei e resolução, é que as pessoas se deslocam, enfrentam filas, e quando
chegam no guichê eles dizem que o horário foi encerrado às 15 horas. Mas encerrado
por ordem de quem? De que lei? E mais, é tão grande o desrespeito dos bancos
para com a população que certos bancos, como o Banco Itaú, chegam ao
descaratismo de dizer que até as 14 horas recebem o pagamento de quem não é
cliente, e dos clientes recebem o pagamento até as 15 horas, fazendo uma odiosa
discriminação entre clientes e não clientes. Ora, banco é serviço público, são
os únicos que enfrentaram a ditadura, a redemocratização, tendo sempre um dos
maiores lucros do País, foi a única casa que não perdeu. Os trabalhadores, os
assalariados, os funcionários públicos, a população toda perdeu, perdeu com os
cruzados, cruzeiros, Plano Collor I, II, perdeu sempre, com o corte da
inflação.
Ainda hoje recebi a informação de
que o ferro teve dois aumentos neste mês de junho, e o salário, 17 mil
cruzeiros, com 3 mil de abono fixo e 3 de abono móvel, sendo 23 e uns
quebrados. Agora, as mercadorias sobem duas vezes por mês, como foi o caso do
ferro. Então, só um setor neste País ganhou sempre, os bancos e os banqueiros,
e são eles que atendem mal a população, e querem reduzir o horário para
melhorar, entre aspas, o atendimento à população e reduzir os custos, as
horas-extras. Eles ganham, sabem como? Botando para rua os seus funcionários.
Esta questão que eu citei que eu quero no Projeto que o atendimento seja no
horário integral para receber água e luz e que, no dia de pagamento dos
aposentados, que abram às 8 horas para respeitar os nossos mais velhos, pelo
menos para receber os seus minguados cruzeirinhos, estas duas propostas não são
deste Vereador, que não é um plagiador e nunca será, são do Vereador que por
sinal deixou um rastro brilhante nesta Casa, embora não sendo do meu Partido, o
grande Vereador que foi o Hermes Dutra. São idéias suas que, com a sua licença,
coloquei no meu Projeto, de aumento dos horários dos bancos. As idéias boas têm
que ser copiadas, mas com a permissão do autor, que foi o Ver. Hermes Dutra,
que hoje está na coordenadoria da Bancada do Partido Democrático Social
– PDS –, brilhando com a sua inteligência invulgar. A importância do Projeto
está aqui, eu quero aumentar o horário dos bancos para respeitarem a população.
Eles querem diminuir para ganharem mais. Mas já não chega o que ganharam?
Deve-se ter respeito com a população. Eu só lamento que esta Casa esteja
encerrando os seus trabalhos sexta-feira, porque eu pretendia apresentar uma
proposta de repúdio desta Câmara a Bancos Centrais da vida e outras
instituições que só usurpam a população deste pobre País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra ao
próximo orador inscrito, que é o Ver. Ervino Besson, a Mesa se permite
responder a Questão de Ordem levantada, neste Plenário, pelo Ver. Clóvis Brum.
É que se tratando de questão controvertida, de questão omissa de Regimento
Interno, da Lei Orgânica, a Presidência pode deliberar a este respeito, tem
todo o direito de deliberar. E cada Presidente tem um talhe. Eu prefiro
deliberar com quem eu acho que está a razão do que perder tempo de enviar
qualquer expediente à Comissão de Justiça e Redação. Este problema já havia
sido levantado pela Diretora Legislativa, Teresinha Casagrande, da Legislatura
anterior, no dia 29 de junho de 1990. O problema que eu falo é se, quando
tramita um Processo nesse Plenário com o pedido de aplicação do art. 81 da Lei
Orgânica, portanto em regime de urgência, caso venha a ser apresentado um
Substitutivo se ele deve ser votado ou deve correr Pauta para a apreciação do
substitutivo. A Assessora Legislativa Teresinha Casagrande pediu a ouvida da
Auditoria da Casa, conforme o expediente constante do Processo nº 1361. Vou
apenas ler as últimas cinco ou seis linhas da parte final da informação da
Auditoria que diz o seguinte: (Lê.) “A nova Lei Orgânica dispõe sobre esta questão
no art. 81, cuja redação expressamente determina a inclusão na Ordem do Dia
para a discussão e votação. Trata-se de uma norma importante pelos seus
efeitos. Se, de um lado, formalmente parece encaminhar para o entendimento de
que o processo nessa circunstância deve ser discutido e votado, isto é,
resolvido na Ordem do Dia e causa, por outro lado, há de considerar-se que a
Emenda substitutiva pela sua importância processual tem tratamento especial no
procedimento legislativo, há toda evidência para oportunizar ao Plenário uma
boa análise da referida proposta, tanto que o Substitutivo tem força para
suspender a tramitação do Projeto original, enquanto dita Emenda global,
encaminhada para a discussão em duas Pautas”. A Mesa, decidindo, entende que,
apresentada uma Emenda substitutiva em processo que tramitava de acordo com o
art. 81 da Lei Orgânica, suspende-se a tramitação para que corra Pauta, para
que a Emenda substitutiva seja devidamente apreciada pela Casa. Esta é a
decisão da Presidência, se o Ver. Clóvis Brum, que não está presente, não se
conformar, que recorra à Comissão de Justiça e Redação.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Nobre Ver.
Presidente, exatamente este é o recurso à Comissão de Justiça que está se
pretendendo que aconteça, porque o art. 81 da Lei Orgânica atual substituiu o
art. 44 da Lei Orgânica anterior, e o art. 81 diz que a matéria será colocada
na Ordem do Dia sem parecer, para ser discutida e votada. Portanto, qualquer
Substitutivo terá que ser discutido e votado.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa não vai discutir com V.
Exª. Mas qualquer matéria referente à proposição apresentada, e não a nova
proposta prevista no substitutivo...
O SR. JOÃO DIB: Faça-se outro Projeto de Lei,
então.
O SR. VICENTE DUTRA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, com todo o respeito à decisão da Mesa e de V. Exª, me
permita discordar do encaminhamento que V. Exª está dando, porque o art. 81 é
um remédio para evitar a procrastinação de processos no legislativo. Ora, se a
um processo que, por força do art. 81, colocado na Ordem do Dia para discussão
e votação for apresentado um substitutivo, poderão ser apresentados 500
substitutivos e nunca será votado. Portanto, não tem o efeito previsto do
remédio, que é fazer a votação em seguida. Requeiro que este assunto seja
deslindado, se possível ainda hoje, pela Comissão de Justiça.
O SR. PRESIDENTE: O Presidente da Comissão de
Justiça é V. Exª e a Assessoria vai remeter a V. Exª a matéria necessária para
que a Comissão de Justiça e Redação delibere a este respeito.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Requeiro que a Mesa determine à Auditoria da Casa que traga até as suas
mãos um parecer que tem sobre esta mesma matéria, quando da votação de um
projeto que envolveu a questão da homologação por parte da Câmara de Vereadores
de intervenções no sistema de transporte coletivo na Cidade de Porto Alegre.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa não vai dialogar com o
Plenário, mas informa que exatamente terminou de ler um parecer prolatado pela
Auditoria da Casa.
O SR. ISAAC AINHORN: Em que data Sr. Presidente?
O SR. PRESIDENTE: Em 29 de junho de 1990.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, já fiz esta anotação ontem e requeiro novamente que se
pronuncie a Mesa, através de consulta à Auditoria, sobre a seguinte Questão de
Ordem: está o art. 81 indicando que um processo vai a votação. Isto se refere a
um processo assim denominado, para que vá à votação. Está o art. 96 do
Regimento Interno, que trata da pauta, desde que o Regimento Interno não foi
superado pela Lei Orgânica no que não se refere esta, especificamente, a
substitutivo e o Regimento Interno no detalhe fala em substitutivo e diz que as
duas Sessões de pauta têm que ser corridas, na medida em que a lei não proibiu
é meu entendimento que é permitido ao Regimento Interno laborar sobre a questão
específica do substitutivo. Então, creio que prevalece e é isto que quero ver
dirimido pela Mesa ou pela Comissão de Justiça, a questão de que vige o
Regimento Interno para o substitutivo, ainda que para o processo seja o art. 81
da Lei Orgânica que seja chamado a atenção do Plenário.
O SR. PRESIDENTE: Sobre isto já foi deliberado e
agora deverá se manifestar a Comissão de Justiça e Redação.
Próximo orador, no período de
Comunicações, Ver. Dilamar Machado, por cessão de tempo do Ver. Ervino Besson.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e
Srs. Vereadores. Antes de entrar na questão que me traz à tribuna, gostaria de
dar opinião sobre este affaire que
envolve matéria de autoria do Ver. Dib e este substitutivo do Ver. Lauro Hagemann.
Eu dou razão ao Ver. Isaac Ainhorn e ao Ver. Dib até para que isto não se torne
praxe nesta Casa, porque neste momento é importante para o Executivo
procrastinar a votação desta matéria. Politicamente é importante, tanto que o
substitutivo apresentado pelo Ver. Lauro Hagemann, que compõe a Administração
Popular, não é outra matéria senão o projeto original do Poder Executivo, que
foi retirado de votação desta Casa por força de uma decisão judicial. Na
realidade, é matéria política, e eu proporia, ao iniciar o meu pronunciamento,
que os companheiros da administração, do Executivo, busquem não só com o Ver.
João Dib, mas com o PDT e outras Bancadas um acordo político para se
ultrapassarem os obstáculos e para que não tenhamos, por uma decisão da Mesa ou
por uma decisão da Comissão de Justiça, a abertura de um precedente que poderá
transformar esta Casa, do ponto de vista de tramitação de matérias, em algo
desagradável. Se um Vereador desejar que seja evitada a procrastinação da
votação de uma matéria de sua autoria usa do direito legítimo do art. 81 da
nossa Lei Orgânica e não consegue que essa matéria seja votada, porque qualquer
outro companheiro Vereador entrará com um substitutivo. Agora, se o
substitutivo já estivesse incorporado ao Processo, não haveria nenhuma dúvida:
aplicado o 81 para o principal, os acessórios iriam juntos, mas o substitutivo,
aplicado depois, indiscutivelmente, é manobra protelatória.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dilamar Machado, só gostaria de dizer
que também cabe – embora possa haver a hipótese de entendimento do autor ou de
outros parlamentares de que estaria trabalhando o Executivo em procrastinar a
votação do Projeto do Ver. João Dib – ao Executivo apor, na discussão, o seu
conceito de despesa de pessoal, o que só pode fazer nesta época, nesta data,
por Substitutivo e emprestando, um Líder de Bancada do governo, no caso, o Ver.
Lauro Hagemann, a sua assinatura para a proposta do Executivo ser posta em
discussão também, já que a votação ia ser feita de fato.
O SR. DILAMAR MACHADO: Agradeço a V. Exª
pelo aparte e chamo atenção para o seguinte fato que ocorre com o municipário
de Porto Alegre: qual é o salário que recebe, hoje, o servidor do Município de
Porto Alegre? Se não estou enganado, Ver. Adroaldo, é o salário que foi
decretado a partir do dia 14 de fevereiro de 1991. Então, o salário dos
municipários é de fevereiro, março, abril, maio, junho, enfim, vai para cinco
meses o mesmo salário, porque não foi aplicado, no início de maio, o princípio
da bimestralidade. Por que razões não foi aplicado? A greve; o levantamento da
questão, por parte do sindicato, do cumprimento da Lei assinada pelo Prefeito e
por esta Casa, que teria um resíduo a ser pago em fevereiro, e outras questões
que inclusive hoje, no jornal Zero Hora, há uma notícia de que o Tribunal de
Justiça do Estado não aceita a incorporação ao salário dos municipários e
alguns desses resíduos. Agora, uma questão, Ver. Adroaldo, é resíduo salarial;
outra questão é acordo escrito e transformado em Lei, inclusive com a
interferência da Câmara Municipal, no ano passado. Eu lembraria aos
companheiros do Partido dos Trabalhadores que nós temos mais três dias de
Sessões nesta Casa, quarta, quinta e sexta-feira e, na realidade, dois dias de
votação – quarta e sexta-feira – em que poderemos chegar à Ordem do Dia e à
votação do Projeto, depois teremos o mês de julho como recesso parlamentar,
embora funcionando a Casa, a Comissão Representativa com Sessões às quartas e
quintas-feiras, quando não se pode votar matéria, salvo convocação expressa do
Poder Executivo. É importante ressaltar e repisar que essa convocação é sem
ônus para a Câmara Municipal, ou seja, os Vereadores são convocados – como já
ocorreu várias vezes nesta Legislatura – e não recebem nenhum tipo de pagamento
extraordinário. Esta é uma questão que levantaria hoje, Ver. Adroaldo, V. Exª
que é um atento negociador do PT; para que o Prefeito Olívio Dutra nos mande,
de uma vez por todas, alguma matéria para votarmos nesta Casa. O Sindicato dos
Servidores da Câmara Municipal de Porto Alegre – Sindicâmara – fez um acordo
com a Mesa, já recebeu, inclusive com aumento; aceitou, não vou julgar o mérito
da decisão do Sindicato dos Servidores da Câmara, mas a priori parece-me que
foi uma decisão correta e inteligente. O Sindicato dos Municipários de Porto
Alegre – Simpa – não teve essa condição por razões muito claras, inclusive de
divisão e de uma luta entre facções do próprio PT, uma delas valentemente
comandada pelo companheiro José Alvarenga, que estendeu a sua luta até a
convenção municipal do Partido dos Trabalhadores.
Indiscutivelmente há uma divisão do próprio Partido na solução desta questão, e
o Sindicato também, claramente, está dividido, de um lado o seu Presidente, de
outro lado a Comissão de Greve, do outro, parte da Diretoria. Mas, no fundo,
quem está sofrendo, quem está passando por imensa dificuldade – e é a primeira
vez, Ver. Adroaldo, que eu, como Vereador desta Cidade, como Deputado que fui,
morando em Porto Alegre, Diretor do Departamento Municipal de Habitação –
DEMHAB – na Administração do Collares – são os servidores do Município que
têm-me atacado na rua, como os garis da Prefeitura, os engenheiros da
Prefeitura, funcionários do DEMHAB, funcionários da área da saúde, pedindo:
Vereador, por favor, temos que ter uma solução! Os funcionários querem e
precisam de uma solução e se o Prefeito Olívio Dutra não encaminhar, hoje,
amanhã, quinta-feira, um projeto de lei para revisar os salários dos servidores
municipais, vai dar uma demonstração inequívoca de que não quer uma solução,
que está fazendo caixa para realizar obras no final do seu governo à custa da
miséria, talvez da fome, da dificuldade extrema da maioria dos servidores do
Município, que têm o salário efetivamente defasado, mais do que nunca.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para ressaltar que nós deveríamos ler
o acórdão para chegar, talvez, ao tipo de sentença que está no recurso da
Prefeitura, junto à demanda dos municipários, na Justiça. A notícia do jornal,
apenas a fonte que tenho neste momento, não tenho cópia, ainda, do acórdão, diz
que a decisão se dá para resíduos salariais, índices e qualquer outra forma de
reajuste a seus servidores, automático. E a demanda do Sindicato teria sido
baseada nas três leis específicas que regulamentaram a questão. Então, eu teria
que ler o acórdão para ver a dimensão da resolução. Eu creio que como o
Secretário da Administração está propondo a saída alternativa é o acordo
político que se faça para a questão e que envolva necessariamente a
Administração e o Sindicato, em primeiro lugar, e a Câmara no seu papel de
incentivar este acordo a passar pela Câmara de Vereadores, numa perspectiva de
aceitação do Legislativo pela proposta das partes.
O SR. DILAMAR MACHADO: Eu diria a V. Exª,
Ver. Adroaldo, que indiscutivelmente para nós do PDT, e tenho certeza de que
para os companheiros do PT, a questão salarial dos municipários não é uma
questão jurídica, é uma questão político-administrativa. E se nós passarmos a
encaminhar, desembocar no Poder Judiciário as decisões desta Câmara e do
Executivo, nós vamos desmentir a criação de Montesquieu, não há mais pra que
dividir os poderes, basta ter o Judiciário e resolve-se tudo. Nós temos uma
Casa política e politicamente tem que resolver. Eu tenho certeza de que se o
Prefeito Olívio Dutra encaminhar à esta Casa, hoje, um projeto nos mesmos
termos em que foi acertada a revisão salarial dos servidores da Câmara
Municipal, em 24 horas esta Câmara vota, aprova e resolve, pelo menos
temporariamente, uma situação difícil para os servidores do Município. E eu não
vejo como não possa ser difícil para o próprio Poder Executivo. Se eu fosse
Prefeito desta Cidade e há cinco meses estivesse sentado em cima dos salários
dos servidores municipais, eu não dormiria direito e não me sentiria bem. Eu
acho que é hora do Executivo encaminhar o projeto, aprovarmos este projeto, e o
que faltar será discutido pela assembléia da categoria, pela Câmara Municipal.
Novas lutas virão, porque, infelizmente, vivemos num País de economia
desorganizada. E o que é bom hoje é ruim amanhã e o que é ruim hoje pode ser
bom amanhã. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Motta
por transposição de tempo do Ver. Décio Schauren.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, agradeço a cedência do Ver. Décio Schauren. Vou continuar incidindo
nesse tema levantado aqui pelo Ver. Dilamar Machado.
O resumo do acórdão do Tribunal
de Justiça do Rio Grande do Sul, que declarou inconstitucional parte da Lei
Complementar nº 133/85 do Governo anterior do Município, que foi alterada
posteriormente pela Lei nº 186/88, fruto de uma negociação que ocorreu aqui na
Câmara e que garantia na época um processo de pagamento parcelado de resíduos
diferentes a períodos em que o Governo Federal declarou zero a inflação. A
situação chega, agora, num estágio em que, em síntese, é o seguinte. Não existe
mais reajuste automático e poderíamos ainda traduzir mais ainda esta afirmação
dizendo: não existe uma política salarial em vigência no Município de Porto
Alegre. Isto é nitidamente no nosso entendimento um impasse, sem dúvida
nenhuma, na medida em que nós não queremos que esta situação se perpetue, mas também por outro
lado, se nós achamos que só o acordo político e a negociação entre as partes,
ou seja, funcionalismo e Governo Municipal poderá viabilizar uma política
salarial alternativa a esta situação, nós não podemos mais uma vez afirmar que,
sem dúvida nenhuma, se existe alguma intransigência, alguma inflexibilidade
nesta situação, e esta intransigência e esta inflexibilidade não estão sendo
por parte de uma das partes, no caso a Administração Municipal. Tanto é correto
afirmar isso que a Administração do Município está divulgando hoje em todas as
repartições e órgãos da Prefeitura a sua posição frente a esta situação.
Primeiro, fazendo uma retificação, na medida em que por irresponsabilidade da
atual diretoria do Simpa havia se colocado no interior da categoria uma certa
confusão em relação à vigência ou não desses dispositivos legais que regeriam
ou que estariam regendo a chamada questão salarial, onde inclusive o Sindicato
chegou a afirmar que o Município é que estava agindo contrariamente à Lei. Até
isso chegaram a afirmar. Pois esta pequena informação, que está resumida aqui
de uma forma simples e direta, repõe exatamente esta discussão e esta polêmica
no seu devido lugar e nos seus devidos termos, e este fato, ou seja, este
Acórdão que foi divulgado, hoje, pela imprensa, pelo Tribunal de Justiça,
praticamente coloca a situação num estágio quase que, se a gente fosse usar um
símbolo, usaríamos o símbolo “0”, ou seja, está praticamente zerada a situação.
E onde de nossa parte, ou seja, por parte da Bancada do PT – me parece que esta
é uma posição que posso assumir aqui em nome de toda a Bancada –, o que existe
aqui é uma expectativa em relação a que a Diretoria do Simpa vai fazer agora,
na medida em que tinha marcado uma assembléia, senão me engano para início do
mês de julho, e aí este quadro que o Ver. Dilamar Machado acabou de colocar
aqui para todos nós é o quadro que todos nós, Vereadores, estamos vivendo.
Hoje pela manhã, vivi esta
experiência, quando por coincidência encontrei um funcionário público,
conhecido meu, que me perguntou: “E agora? Como é que fica a situação?”
Portanto, não tenho nenhuma dúvida de que há no interior de toda a categoria
dos municipários de Porto Alegre uma imensa expectativa em relação a isso e eu
diria até mesmo uma situação por parte de alguns quase que desesperadora, na
medida em que faz praticamente quatro meses que não há, de fato, a resolução
deste problema e, portanto, quatro meses que não há o recebimento de perdas
referentes a este período.
Portanto, gostaria de afirmar, e
concluindo, de que vai ser, Sr. Presidente e Srs. Vereadores – e falo isso com
todo o respeito que o Ver. João Dib merece de todos nós, que o Ver. Clóvis Brum
também merece –, não vai ser forçando a barra que nós vamos encontrar uma
solução para esse problema. Não vai ser de uma forma autoritária, impositiva,
colocando mais uma vez o Executivo Municipal contra a parede, que nós vamos
resolver esse problema. Hoje, por exemplo, ouvindo declarações do Governador do
Estado, pela manhã, que dava uma entrevista, exatamente sobre essa questão do
funcionalismo do Estado e a negociação que está sendo feita, nós estamos
convencidos de que não há saída para episódios, fatos como esse, a não ser uma
saída de negociação. E digo isso especialmente aos companheiros do PDT, que
estão vivendo, hoje, exatamente essa realidade. E aí, lamentavelmente, ou por
inexistir outra referência, e até por estar obrigado a ela, os governos do
Estado e do Município são obrigado, hoje, ao fazer negociação com os
funcionários, a levar em conta, sim, a situação de arrecadação e a situação
financeira caótica da maioria dos Estados e dos Municípios. Sem que isso
autorize, evidentemente, os governos dos Estados e Municípios a adotarem
políticas de arrocho salarial. Mas evidentemente, nós sabemos, pelo menos quem
é governo hoje, nesse quadro de crise da economia brasileira, deve-se levar em
conta necessariamente isso. Portanto, preservar os direitos dos servidores de
terem reposta às perdas salariais, mas ao mesmo tempo preservar o mínimo de
investimentos para os governos dos Estados e para os Municípios.
Eu gostaria de deixar de uma
forma tranqüila essa posição, colocando exatamente que nós podemos até, daqui a
alguns minutos na Comissão de Justiça, assumir uma posição que vai exatamente
nessa lógica da pressão política contra o Executivo Municipal, mas nós achamos
que não se resolve o problema por aí. Eu gostaria de, ao dar o aparte ao Ver.
João Dib, até fazer esse apelo, na medida em que o próprio Ver. João Dib já foi
governo, nós sabemos evidentemente que, em outras épocas, sabemos também que
talvez naquela época a situação de Receita do Município fosse diferente dessa.
Portanto, talvez naquela época os patamares de negociações poderiam, podiam e
puderam ser feitos em outros níveis. Agora, nós não aceitamos esta visão de que
se resolve esta situação pressionando mais uma vez e premindo mais uma vez o
Executivo Municipal. Parece-me que a saída é absolutamente clara e límpida, ou
seja, é necessariamente uma negociação, um acordo político entre as partes. E,
quando eu falo em partes, eu falo especialmente entre os municipários, através
do seu Sindicato, e o Executivo Municipal, a Prefeitura Municipal de Porto
Alegre. Este acordo é que precisa ser feito imediatamente. Portanto, esta
posição do Simpa de jogar a assembléia para o dia 4, eu repito, é uma posição
intransigente, exatamente joga a lógica deste processo que é de negociação no
rumo da intransigência e da polarização de posições.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. João Motta, em primeiro lugar, a
Administração Popular no seu Relatório sintético diz que nas últimas três
administrações ninguém se aproxima da Receita que a atual Administração está
tendo. Em segundo lugar, o Prefeito não quis nos receber, não recebeu as
Lideranças da Casa para uma negociação. Negociação se faz com todas as partes
capazes de fazer. Em terceiro lugar, se o Prefeito tivesse boa vontade, ele
teria pago aquilo que ele entende como justo, que seria a bimestralidade em maio
e agora em julho para depois discutir os valores restantes.
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Motta, para concluir,
por favor.
O SR. JOÃO MOTTA: O Ver. Mano José solicita um
aparte.
O SR. PRESIDENTE: Eu lastimo, mas V. Exª tem a
palavra para concluir. O tempo de V. Exª encontra-se esgotado.
O SR. JOÃO MOTTA: Concluo, dizendo ao Ver. João
Dib que o Executivo está aberto para fazer isso, agora, desde que haja uma
manifestação expressa, formal dos municipários, da categoria numa assembléia.
Portanto, esta tem sido a posição do Executivo. Não de inflexibilidade, mas
condiciona uma manifestação formal dos municipários, através de uma assembléia,
o que não houve até agora. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu tenho em mãos um Projeto que tramitou nesta
Legislatura, no ano de 1989, que dispõe sobre a intervenção do Executivo em
empresas de transporte coletivo urbano por ônibus na Cidade de Porto Alegre.
Eu queria apenas subsidiar que
neste Projeto, quando houve a apresentação de um Substitutivo, que estava sob o
81, foi ouvida a Auditoria da Casa, que entendeu que deveria correr Pauta.
Passarei este Projeto às mãos de V. Exª para instruir os elementos necessários.
Eu, sinceramente, acho que esta questão é muito relevante. Na oportunidade o
Substitutivo era de autoria do Ver. Clóvis Brum, que exigiu que corresse a
Pauta. Evidentemente posso entender que naquela época não nos encontrávamos sob
a égide da nova Lei Orgânica de Porto Alegre. Eu acho que temos que guardar
coerência, se não corremos o risco e o casuísmo de nos desdizermos inúmeras
vezes, de acordo com a posição que temos em relação a um determinado Projeto.
Esta questão, em última análise, vai ser dirimida pela Comissão de Justiça, mas
devemos deixar isto muito claro no Regimento Interno, porque sistematicamente
essa questão ocorre. Eu, particularmente, acho que quando dá no 81, ele não
pode correr Pauta.
O SR. PRESIDENTE: O seu aparte foi muito oportuno,
Ver. Isaac Ainhorn, e veio dar guarida à decisão desta Mesa com relação ao
assunto. A Presidência informa ao Plenário que este assunto foi deslocado para
o âmbito da Comissão de Justiça e Redação.
Com a palavra o Ver. Clovis
Ilgenfritz. Ausente. Ver. Luiz Braz. Ausente. Ver. Omar Ferri. Desiste.
Liderança com o Ver. Clóvis Brum, que dispõe de cinco minutos.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. João Motta, inteligente Vereador, porque tem se calcado
nesta Casa em função de temas importantes, e a esse Vereador não tem faltado
alinhamentos adequados, muito bem postados na defesa daquilo que lhe parece
mais próprio; e, em certas ocasiões, mais conveniente. Eu diria que nós tivemos
duas épocas nesta Cidade: a época antes do PT na Administração Municipal e a
época após o ingresso do PT na Administração Municipal. Se os senhores me
perguntassem se eu sinto saudades do PT quando não era Governo, eu sinto
saudades. Sinto saudades daqueles discursos do Ver. Antonio Hohlfeldt
defendendo os trabalhadores da Prefeitura. Quando eu digo que o Ver. João Motta
é um Vereador inteligente, culto, preparado, eu faço questão de fazer justiça a
essas qualidades do Vereador, porque o que se constatou, hoje à tarde, foi a
grande dificuldade que esse inteligente Vereador teve na defesa da Administração
Municipal em relação à política de pessoal. Não tem sido fácil para o Vereador,
por exemplo, da qualidade de um Adroaldo Corrêa chegar a esta tribuna e
defender a política de pessoal da Prefeitura. E eu não citaria os outros
Vereadores tão bem preparados, competentes do PT na defesa dessa matéria,
porque é indefensável. A Prefeitura de Porto Alegre não tem uma política de
pessoal. Herdou uma política da Administração do Prefeito passado, talvez não
fosse a melhor, mas a essa política de pessoal não fez nenhuma melhoria; apenas
aquele instituto condenado pelo PT fora da sua administração: arrocho salarial.
Quanto eu vejo a Central Única dos Trabalhadores – CUT –, o PT a nível nacional
cobrando arrocho salarial e os meus queridos irmãos da Bancada do PT chegarem
nesta tribuna e defenderem a administração do Prefeito Olívio Dutra, eu vejo
que contradição profunda, que enorme contradição! Agora, imaginem, o Ver. João
Motta está preocupado com a decisão da Assembléia, com a reunião da assembléia
dos trabalhadores da Prefeitura, quando o Ver. João Motta deveria estar
preocupado com a definição, por parte do Executivo, do que é e do que não é
despesa, e o Ver. João Motta preocupado com a assembléia dos trabalhadores.
Temos que estar preocupados com esta estagnação de negociação, com esse pisar
forte nos trabalhadores da Prefeitura, com esta falta de diálogo com os
trabalhadores, e até com esta Câmara, sobre o assunto funcionalismo. Nunca se
viu, na história desta Cidade, um Prefeito tão intransigente para dialogar com
os Vereadores no trato da política de seus funcionários como o Prefeito Olívio
Dutra. Ele teve que vir aqui sob vara e não venham me dizer que não, mas, por
favor, um convite demorado em que toda a Bancada do PT, e faço justiça aos
senhores, teve que ir ao Prefeito e pedir ao Prefeito que viesse à Câmara
cumprir um convite aprovado pelo Plenário, e é meio coercitivo, não deixa de
ser um puxão de orelhas no Prefeito, porque quando a Câmara faz um convite
aprovado no Plenário para o Prefeito comparecer e debater política de pessoal é
um puxão de orelhas. A iniciativa do Prefeito, a exemplo de Projetos de sua
autoria, quando veio, várias vezes, discutir com os Vereadores os
encaminhamentos dos Projetos, e só compareceu à Casa para discutir com as Lideranças
e alguns Vereadores que foram no Gabinete da Presidência, portanto, um convite
quase que não completo, nem comunicou à Câmara, apareceu de repente para falar
com as Lideranças; ora, isso é democracia, isso é transparência, isso é
grandeza na administração? Isso é ferir aqueles que trabalham, aqueles que
fazem a máquina administrativa funcionar, e isso retrata a insensibilidade e a
alta contradição entre o PT antes de assumir o Governo e o PT depois de ter
assumido a Prefeitura de Porto Alegre. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa já havia anunciado que
todos os oradores, inscritos no período de Comunicações, hoje, inclusive este
Vereador, haviam desistido. Mas, no mesmo momento, o Ver. Leão de Medeiros
solicitou tempo; com prazer, este Vereador-Presidente cede seu tempo a S. Exª,
que está com a palavra.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, cabe-me agradecer a oportunidade de vir a essa tribuna pela
gentileza do Ver. Omar Ferri.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, tenho a maior
honra em ouvir o Ver. Leão de Medeiros, inclusive que ontem me falou da
impossibilidade que tem tido de usar a tribuna. Mas preferia que o despacho de
V. Exª para concessão desse tempo se desse para comunicação de assuntos
importantes e inadiáveis, porque o Tempo de Presidência não pode ser
transferido.
O SR. PRESIDENTE: Nenhuma transferência de Tempo
de Presidência ocorreu. Acontece que este Vereador cedeu o seu tempo ao colega.
O SR. CLÓVIS BRUM: Está nos Anais: este
“Vereador-Presidente cede seu tempo”.
O SR. PRESIDENTE: Não teria este tempo. Cedi como
Vereador.
O SR. CLÓVIS BRUM: Entendi o que V. Exª disse.
Apenas isso.
O SR. PRESIDENTE: Certamente foi uma expressão
indevida.
O Ver. Leão de Medeiros tem a
palavra por cessão de tempo do Ver. Omar Ferri, que provisoriamente ocupa a
presidência dos trabalhos neste momento.
Descontar-se-ão os minutos
decorridos. V. Exª tem dez minutos.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr Presidente e Srs.
Vereadores, agradeço, mais uma vez, a gentileza de V. Exª, que me cede seu
tempo no período de Comunicações. Agradeço também a atenção do meu nobre colega
Ver. Clóvis Brum, que certamente me dará sua atenção num tema tão importante.
O que me traz à tribuna, Sr.
Presidente, é um tema polêmico, importante, discutido por toda a comunidade.
Trata-se da possibilidade, na revisão constitucional, de unificação das
polícias civis. Desde antes de Constituição Federal, quando a Comissão dos
Notáveis, presidida pelo ex-Senador Afonso Arinos, recentemente falecido, propugnava
pela unificação das polícias, o lobby
das polícias militares fez com que ela não se concretizasse. E hoje temos na
Constituição Federal quatro polícias, o que se prevê que seja um dos países com
maior eficiência na área de Segurança Pública. Temos a Polícia Federal, a
Policia Militar dos Estados, Polícia Civil dos Estados, Polícia Rodoviária
Federal, Polícia Ferroviária Federal e ainda atrelada a isto tudo a
possibilidade das Guardas Municipais. Já toquei neste tema da tribuna, de que
surpreende o resto do mundo um País com tanta polícia seja tão violento e tão
propício à criminalidade como é o nosso.
O que ocorre é uma falta de
vontade política de realmente proporcionar à nossa comunidade um pouco melhor
de segurança pública. Mas especialmente o que está impregnado dentro desse
conteúdo todo, Ver. Clóvis Brum, é um corporativismo exacerbado. No nosso caso
do Rio Grande do Sul, que a criminalidade dispara, que a violência toma
contornos totalmente incontroláveis, a tal ponto que alguém armado dispara contra
uma casa num rompante de emoção e mata uma criança de dois anos, enquanto os
próprios presos repelem a figura desse criminoso, nós temos que parar e pensar
sobre a segurança pública. Por isso as entidades de classes da polícia civil de
outros segmentos, inclusive da polícia militar, estão dispostas a proporem
aquilo que na Comissão dos notáveis era uma verdadeira necessidade: a
unificação das polícias civis, aquilo que ela é no resto do mundo. Polícia é
civil com segmento fardado, ocorre que lamentavelmente este sentimento que toda
a comunidade hoje já tem que é absolutamente necessária a unificação desses
órgãos para que não tenhamos, como no caso de Porto Alegre, dois centros de
operações: Centro de Operação da Polícia Civil, Centro de Operações da Brigada
Militar, desvirtuando, dividindo esse segmento da segurança pública, nós
tenhamos uma polícia realmente unida e voltada para os interesses da população.
Mas, lamentavelmente, repito, devo vir a esta tribuna para denunciar aquilo que
a Polícia Militar está fazendo num verdadeiro lobby que se agiganta novamente. O Rio Grande do Sul, Porto Alegre:
cenário da reunião de 23 comandantes da Polícia Militar e subcomandantes que,
reunidos neste Estado, forjaram um documento contrário à unificação das
polícias militares, num verdadeiro corporativismo que ficou evidente aos olhos
de cada um, sob a alegação de que o menor engolirá o maior, como se estivesse
em jogo, observando os fatos, alguém se interessar por comandar um ao outro,
tendo uma demonstração de pouco espírito público, mas acima de tudo os seus
privilégios, a manutenção do status quo
e a manutenção das suas prerrogativas que todos nós sabemos que esta
instituição possui. Não é o pensamento dos sargentos e sub-sargentos da Brigada
Militar, que reunidos uma semana antes, num congresso em Cidreira, propuseram a
unificação das polícias numa coisa só, uniformizada e civil, desmilitarizando
as polícias militares. Ocorre que a reação foi enérgica e os comandantes das
polícias militares propugnam pela manutenção do status quo, divisão de forças, manutenção dos privilégios a nível
de oficiais da Brigada Militar, afastando cada vez mais a população da sua
segurança pública. É lamentável que para isto tiveram que buscar um
Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, ex-policial militar, que
veio a esta Cidade defender a manutenção deste status quo, a divisão de policia civil e militar, contrário aos
interesses de toda coletividade que reconhece que a segurança pública como
está, está falida, e afastando qualquer possibilidade de entendimento,
levantando aquelas velhas acusações de que há corrupção no ambiente civil, como
se isto também não fosse uma característica costumeira dentro do ambiente
policial militar. É lamentável, e fica o meu protesto pela posição corporativa
da Brigada Militar, através dos seus comandantes de todo o Brasil, mas que não
é compartilhada pelo Subsecretário da Polícia Militar do Estado do Rio de
Janeiro que, participando deste mesmo congresso, manifestou um voto divergente
ao entendimento da maioria dos comandantes das polícias militares. O noticiário
a respeito da atuação do Coronel Jorge da Silva, Subsecretário da Polícia
Militar, não teve sequer qualquer ressonância na imprensa de Porto Alegre, mas
o Jornal do Brasil trouxe a sua opinião, que faço questão de, em tópicos,
registrar desta tribuna: (Lê.)
“Subsecretário critica
Corporativismo da PM
Porto Alegre – Embora a conclusão
antecipada da maioria dos 27 comandantes e subcomandantes da Polícia Militar de
todo o País seja contrária à unificação com as polícias civis, o Subsecretário
de Polícia Militar do Rio de Janeiro, Coronel Jorge da Silva, condenou ontem ‘o
excesso de corporativismo que existe neste encontro. O ideal seria que coronéis
e delegados de polícia se reunissem para dizer, em conjunto, o que é melhor
para a sociedade, que também deve ser consultada’.
‘Devemos ver o que é melhor para
o Brasil, com cuidado para evitar corporativismos e interesses isolados nesta
discussão’, acrescentou o militar carioca, um dos raros no Encontro Nacional de
Comandantes-Gerais das Polícias Militares a defender, pessoalmente, esta
unificação, prevista em projetos de lei e no Plano Nacional de Segurança
Pública. ‘Deveríamos reunir as vantagens de cada corporação, como, por exemplo,
a informalidade das relações da Polícia Civil e o modelo militar de controle de
pessoal das polícias militares, baseado na hierarquia e na disciplina’.
Confronto inevitável – As
posições do Coronel Jorge se confrontaram com as da maioria dos seus colegas e
a do desembargador paulista, e Tenente PM da reserva, Álvaro Lazzarini. Este
foi muito aplaudido pelos comandantes quando alertou que a unificação das
polícias seria danosa à Polícia Militar, pois, na prática, uma corporação
engolirá a outra. ‘Não há acordo possível e o desaparecimento das PMs
desestruturará o sistema nacional de segurança pública, abrirá caminho para a
corrupção e a violência policial’.
Exceto posições quase unânimes de
condenação da polícia única e da defesa da manutenção do status quo e, no caso de ser inevitável, que seja então uma polícia
estadual militarizada, a totalidade dos grupos de trabalho do Encontro rejeitou
o Plano Nacional de Segurança Pública (Planasp). Este plano, elaborado pelo
Ministério da justiça, foi rejeitado principalmente por ferir a autonomia dos
Estados, ao centralizar todas as informações policiais no Ministério da
Justiça.
Uma atuação mais eficiente das
PMs junto aos três Poderes, inclusive com lobby
no Congresso Nacional, foi outra decisão dos comandantes-gerais. Eles defendem,
ainda, a imediata regulamentação dos juizados especiais, prevista pela
Constituição, como caminho para os juizados de instrução, onde os magistrados
presidem e coordenam todo o trabalho de investigação e recolhimento de provas.
Com os juizados de instrução, a Polícia Civil se transformará em órgão auxiliar
do Ministério Público e se extinguirá o inquérito policial, como querem os
comandantes-gerais das polícias militares.”
Como sempre, os velhos ranços e
preconceitos contra a Polícia Civil que, como sabem, dá de si a tudo aquilo que
ela pode proporcionar com os recursos que lhe são colocados à disposição. Fica,
portanto, o registro da minha desconformidade com o corporativismo desse
encontro dos Comandantes-Gerais de Polícias Militares, contrários à unificação
das Polícias no Brasil e, em conseqüência, contrários aos interesses das
coletividades sedentas por uma segurança mais eficiente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Comunicação de Liderança. Com a
palavra, em nome da Bancada do PDS, o Ver. Mano José.
O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente e Srs.Vereadores.
Eu até pude observar atentamente o pronunciamento do Ver. João Motta, que eu
estimo muito e que neste momento está ausente deste Plenário e, também, pude
observar atentamente o pronunciamento do Ver. Adroaldo Corrêa e, mais uma vez,
notei que a cada dia se aprende mais um pouco nesta terra, em cada minuto que
se vive neste mundo se está aprendendo e, infelizmente, eu começo a aprender
também o lado negativo das coisas. Tanto nós comentamos que a população está
descontente conosco, políticos deste Brasil, e acho que não é sem razão. Mais
uma vez se observa que a população tem razão. Porque no momento em que nós
ficamos num discurso e efetivamos outras atitudes, é deprimente. É deprimente a
que ponto e a que nível a política neste País está rumando; para que lado as
coisas estão indo! Então, quando vejo aqui o Ver. João Motta defender que os
municipários não têm razão quanto à bimestralidade, eu acho que pelo menos
poderia haver um pouco de decência. Decência no que se refere a que se mantenha
a coerência, porque coerência neste País está faltando. Mas não está faltando
só coerência, está faltando vergonha na cara! Porque no momento em que nos
perguntam na rua onde é que está a nossa coerência, nós não temos argumentos,
porque meia dúzia de políticos neste País, neste Rio Grande do Sul, nesta
Cidade, não cumprem com o que prometem. E ainda pelo contrário: não cumprem com
o que prometem e ainda fazem o que não prometem. Então, realmente é uma
vergonha! Neste momento, subo a esta tribuna para manifestar, aos colegas
Vereadores, às pessoas da platéia, o meu pesar, o meu pesar, Ver. Adroaldo
Corrêa, a uma administração que, quando entrou, distribuindo seus panfletos
reajustes automáticos, e o que se observa é que recorre à Justiça para retirar
o reajuste que era um ganho da classe trabalhadora municipária. É com um certo
desprezo que observo esse tipo de atitude e acho que, realmente, está na hora
de a população deste País se tornar um pouco mais perspicaz, um pouco mais
inteligente e começar a banir da face da terra, da face política nacional esse
tipo de política suja, esse tipo de política que não traz nada a ninguém, nem a
nós, políticos, e muito menos à população ou ao nosso País que tanto amamos.
Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Adroaldo
Corrêa, em tempo de Liderança.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Ver. Mano José, não recolho suas palavras pessoalmente, creio que é
uma política que está em discussão nesta Casa, entre os municipários e entre a
Prefeitura e o seu entendimento do que seja a política salarial no País, neste
momento, e as referências para a política salarial. O Governo Federal recolheu
os índices de correção automática do salário, suspendeu qualquer política
salarial neste País em que os trabalhadores se movimentam inclusive chegando à
proposta de greve geral, se transformando num protesto, não chegando a ser
conclusiva em seus objetivos de dar um fim à recessão que temos no País. A
Prefeitura ofereceu, por várias vezes, alternativas a sua maneira de ver a
política global da Cidade e o atendimento à real necessidade dos trabalhadores
e a recomposição das perdas admitidas. Os acordos se fizeram e os entendimentos
sobre o acordo foram diversos. Essa foi a questão que foi à Justiça, o
entendimento da Prefeitura é um e diverso do entendimento dos municipários.
No nosso entendimento, não há
como dizer que a Prefeitura não tem direito a investir nos demais serviços que
cobramos, diariamente, e com razão. A Cidade precisa dos demais serviços. No
nosso entendimento não há como acusar a Prefeitura por uma decisão do Tribunal
de Justiça do Estado. A Prefeitura levou o seu critério ao Tribunal de Justiça
porque entende que o limitador é uma exigência da Cidade, até recuando de
princípios em que se propunha – e não exerceu ainda – dirigir uma política
exclusivamente aos despossuídos desta Cidade, tendo uma política para toda a
Cidade, porque com ela se relaciona, ainda que desde um patamar de uma
construção de consciência socialista.
Nós acreditamos que com esta
necessidade do limitador e com a necessidade da arrecadação ser compatível com
os investimentos e com os gastos de pessoal, a Prefeitura assumiu o critério
que defendeu, divergente do critério assumido pela Liderança de sua Bancada,
Ver. Mano José, em projeto diferenciado, aqui, e vai para votação esta semana,
e que a Prefeitura, através do Ver. Lauro Hagemann, apresenta um Substitutivo
com o seu entendimento do que seja despesa de pessoal, que não estão exatamente
vinculados, mas têm a ver com a discussão, que é global.
Nós entendemos que não há recuo
do atendimento intransigente à reivindicação dos trabalhadores. O que há é uma
ausência de índices legais que amparam a Prefeitura numa perspectiva de
investimento de fato. Nós pagamos uma política salarial que não foi nossa.
Disse o Ver. Clóvis Brum, aqui, que não temos uma política salarial. Nós
pagamos uma política salarial construída em dezembro de 1988, nesta Câmara de
Vereadores, em acordo com um Governo que estava saindo. Mas nós pagamos esta
política. E temos certeza de que outros não pagaram: o Governo Federal não
pagou; o Governo Estadual não pagou; a iniciativa privada não pagou as
diferenças consumidas em março com a retirada dos 84% da inflação de 1990; em
abril, do conjunto dos 44%, nós ficamos devendo após ter pago março, 28%. Nós
temos uma política salarial que foi fixada à Prefeitura e neste momento o
funcionalismo não tem política salarial. Não por não ter o funcionalismo
proposto e nem a Prefeitura reproposto uma proposta. O que acontece? Não há
política salarial no País para se pautar ou o funcionalismo, junto aos
tribunais para garanti-la, ou a Prefeitura, junto aos funcionários e garantir
os índices.
Eu não creio que seja uma
discussão fácil e simples de que simplesmente o partido no Governo deixou de
fazer pelos trabalhadores o que faria, lutando permanentemente, na oposição,
por conquistas que constituem direitos devidos ao conjunto dos trabalhadores.
Ocorre que apenas a Prefeitura de Porto Alegre tem pago estas diferenças no
Brasil ao que se sabe. E nós devemos pelo menos levar isto em consideração e
chamar a atenção de que o saldo disto encaminhe para um acordo político entre
as partes, de fato, divergentes, neste momento: funcionalismo municipal e a
Prefeitura, seu empregador. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o Partido
Democrático Trabalhista. Com a palavra o Ver. Nereu D’Ávila.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, aproveitando as últimas palavras do representante do PT, Ver.
Adroaldo Corrêa, que repetiu, em pronunciamento anterior, a mesma cantilena:
acordo político entre empregador e empregado, ou seja, entre os municipários e
a Prefeitura. Não é verdade! Não é verdade isto que o Vereador está falando.
Não é acordo que a Prefeitura quer. A Prefeitura está fazendo o funcionalismo
municipal cair de joelhos na sua frente para quebrar visceralmente a Lei
Complementar nº 186, que dá a integralidade da bimestralidade. Então não é um
acordo, é uma submissão. É um eufemismo político do Ver. Adroaldo Corrêa vir
falar em acordo político. Aliás, é por estas e por outras que o funcionalismo e
o Simpa estão aqui de pires na mão pedindo à Câmara que intervenha. Então, a
Administração Popular encontra-se no seguinte dilema: ser ou não ser – não é de
Shakespeare, porque é muito mais prosaico – é ser ou não o algoz dos
municipários. E o PT, dói na consciência, ele que se chama Partido dos
Trabalhadores, ser ele que vai fazer o papel do carrasco, de algoz em cima do
funcionalismo que hoje se encontra prostrado. Por que prostrado? Porque entrou
em greve, saiu da greve, a Câmara Municipal fez um acordo, já recebeu dia 12,
nós estamos no dia 25 e o funcionalismo municipal não recebeu nada. Ora, se
fosse acordo já tinha saído, por quê? Porque o Simpa ofereceu três vezes e três
propostas díspares, que não foram aceitas pelo Executivo, por quê? Porque o
acordo, entre aspas, do Executivo, inclui uma cláusula, que é a seguinte: em
vez da integralidade, 60% da integralidade, os 130 é uma fixação, por que 60%?
Por que não 100? Por que não ser como era? A Prefeitura diz o seguinte:
escolham entre o índice do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos – DIEESE – e do Índice Geral de Preços – IGP –, é a clássica
proposta, aquela do cidadão para o pretendente para a sua filha, pode casar com
qualquer uma desde que seja minha filha. Então um acordo político, desde que
seja quebrado a 86, desde que seja aceita 60% da bimestralidade, case-se com
qualquer um, desde que seja com a minha filha. Um acordo, ora um acordo eu
sempre digo, e aprendi isto quando advogava na Justiça do Trabalho. Um acordo
significa o seguinte: nem a total proposta do empregado, as suas pretensões, e
nem a total imposição do empregador, os dois têm que ceder um pouquinho. Então
os municipários já ofereceram diversas alternativas de algo, mas a Prefeitura
não cede num ponto crucial, primeiro o Prefeito disse que eram 41 “imexíveis”,
durante a greve ele declarou: dou aumento desde que sejam 41, e nesses não se
mexe. Quando a Câmara mexeu, porque para a Câmara foram dados 45 em vez de 41,
o Prefeito foi obrigado a aceitar os índices de 45, porque ficaria
terrivelmente injusto dar um índice para o funcionário da Câmara e para os
demais um índice menor. Então parece que os 45 estão pacíficos, mas tropeça
sempre no mesmo índice, 60% da integralidade, e depois, é claro, se a
arrecadação não atingir certos patamares, vai de 80 a 100, a 130, mas que
bondosa a Prefeitura, 130, só que os 130 estão adstritos aos 60%, isto não é
acordo Vereador, nunca foi acordo, acordo é ambas as partes cederem um
pouquinho. Quando a Prefeitura ceder, V. Exª pode avisar que os funcionários no
outro dia também cederão.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PTB, palavra com
o Ver. Edi Morelli.
O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ouço coisas e coisas nesta Casa. O PT, o partido que se diz o
Partido dos Trabalhadores, que tinha um discurso no palanque. E que agora, na
prática, faz a coisa totalmente diferente. Não aceito gracejos de Vereadores do
PT, porque a única coisa que este Prefeito atualmente faz é o descumprimento de
leis. Ou por outra, as únicas coisas que o Prefeito Olívio Dutra faz é não
cumprir as leis e tentar desmoralizar esta Casa. Essa é a verdade. Que os
Vereadores nesta Casa estão sendo bonequinhos marionetes, estão sendo
manipulados ao bel prazer do Sr. Olívio Dutra, ele manda as leis para cá para
serem aprovadas, e ele é o primeiro a descumprir as suas próprias leis. E é um
número sem fim de leis que não estão sendo cumpridas pela Prefeitura. Leis
aprovadas nesta Casa, sancionadas pelo Sr. Olívio Dutra que não estão sendo
cumpridas. E dá para citar dezenas e dezenas de leis que não estão sendo
cumpridas. O que se pede, com respeito ao funcionalismo municipal, é o
cumprimento da Lei, nada mais do que o cumprimento da Lei. Lei essa que o Sr.
Olívio Dutra não quer cumprir, apenas isso.
Agora, aí os Vereadores do PT
assomam a esta tribuna para tentar dar uma explicação que não tem explicação,
porque como é que vai explicar uma Lei que tem que ser cumprida e que o Sr.
Prefeito não quer cumprir? Não existem argumentos que me convençam. Não adianta
virem até aqui, na tribuna, Lideranças do PT, tentar explicar o que não há para
explicar. O PT que se diz Partido dos Trabalhadores e foi bom, Ver. Adroaldo
Corrêa, falar em justiça, que recorre à Justiça para roubar a população com o plus tarifário, que recorre à Justiça
para não pagar o que ele deve por Lei. Lei que foi mandada para esta Casa pelo
Executivo e agora recorre à Justiça para não dar ao funcionalismo municipal, ao
operário da Prefeitura o que ele decretou em Lei.
Então, Ver. Adroaldo Corrêa, não
adianta falar em justiça, há que ter bom-senso de cumprir a Lei para depois não
recorrer à Justiça pelo não-cumprimento da Lei. Esta é a verdade. Agora, para
mim, para a Bancada do PTB nesta Casa, já foi dado um basta e eu repito aqui:
“Basta de ser marionete nas mãos do Sr. Olívio Dutra”. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
encerramos a presente Sessão, convocando os Srs. Vereadores para amanhã à hora
regimental.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h52min.)
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